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Friday, March 19, 2010

A step for mankind

A questão da oferta ou compra de sacos plásticos na distribuição moderna é recorrente. Não estou contra a diminuição da quantidade de sacos plásticos existentes no ambiente, pelo que medidas destinadas ao seu "controlo" são sempre de louvar. Só que as mesmas devem ser coerentes com políticas de sustentabilidade ambientais gerais e não apenas operações de "maquilhagem", conhecidas por greenwashing.

A cobrança dos sacos de compras diminui a quantidade de plástico no ambiente? Sem dúvida. Mas e os sacos para as secções de padaria e frutas e legumes? Por uma questão de lógica, os mesmos também deveriam ser cobrados e deveriam ser dadas alternativas aos consumidores para a sua não utilização.

Porque não o são? Porque o seu custo para as cadeias de distribuição é substancialmente inferior aos dos sacos de compras. Segundo informação que me foi transmitida as grandes cadeias de distribuição gastam (gastavam) perto de dois milhões de euros/ano em sacos de compras. Se os clientes os pagarem são valores que saem directamente da alínea "custos" da empresa.

E nisso as cadeias ditas "hard discount" são mais honestas. Assumem que a medida se destina a diminuir os custos de operação e, dessa forma, a permitir eficiências que levam à diminuição do preço dos produtos ao consumidor. Não maquilham essa iniciativa de "preocupação ambiental".

Uma verdadeira preocupação ambiental obriga a mais medidas do que o mero pagamento de sacos de compras. Por exemplo, criando medidas de "discriminação positiva" para os consumidores com preocupações ambientais. A criação de "caixas verdes", como as existentes no Grupo Auchan, é uma medida pedagógica que deveria ser replicada pelas cadeias que querem assumir uma política de sustentabilidade ambiental. A existência e utilização de ecopontos "industriais" para os resíduos das lojas é outra medida que não vejo em utilização pelas cadeias que encaram a venda de sacos de compras como "A" medida para a sustentabilidade ambiental.

Por isto tudo, a cobrança de sacos de compras é um passo para a humanidade? É. Mas é um passo pequeno para o que os grupos de distribuição podem dar. E em vez de questionarem e criticarem o factor biodegradável dos sacos que alguns grupos entenderam adoptar, as associações ecologistas deveriam colocar os seus esforços na busca de uma solução melhor, longe de medidas mera e ambientalmente cosméticas.

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