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Wednesday, March 17, 2010

Coerência e Credibilidade

O Congresso do PSD do fim de semana passado (um dos mais interessantes desde a não eleição de líderes nos congressos) ficou marcado pelo episódio da alteração dos estatutos, com a aprovação de uma norma que ficou conhecida pela "lei da rolha".

Não vou aqui discutir a minha concordância ou não com a mesma (não deixando de lembrar que a um Partido Político adere quem quer, livremente e consciente das suas normas). O que me leva a escrever sobre este assunto prende-se mais com dois dos activos de comunicação que mais considero: A coerência e a credibilidade (porque a segunda deriva da primeira).

A referida norma foi aprovada pelo Congresso. Os delegados ao mesmo tinham que saber o que estavam a aprovar: A proposta, pelo que ouvi a Pedro Santana Lopes, era conhecida desde a quarta-feira anterior ao Congresso. Até aqui são questões internas do PSD.

O que não faz sentido é que assim que sairam da sala do Congresso, os candidatos à liderança do PSD, pressionados pelos jornalistas (e, pela opinião publicada), tenham todos discordado desta regra, afirmando que se ganharem a irão revogar.

E é neste ponto que entra a coerência e, por causa dela, a questão da credibilidade. Os delegados ao Congresso eram hostis a todos os candidatos? Não. Não representam as várias sensibilidades internas, afectas aos candidatos? Sim. Então porquê maldizer uma regra que acabaram de aprovar?

Se não concordavam com a mesma, porquê ficar à espera das questões dos jornalistas para o afirmarem? Para o público ficou a sensação que no PSD, independentemente de quem for eleito líder, será a comunicação social e a opinião publicada a liderar o Partido.

E, como foi dito várias vezes, se a normal alternância democrática acontecer, o próximo líder do PSD poderá ser o próximo Primeiro-Ministro português. E uma coisa é o respeito pela liberdade de imprensa e de expressão. Outra é ser governado pela opinião publicada. Governar e liderar é decidir. Não é ficar à espera de ver o que se escreve para tomar decisões. O país não tem capacidade para estes "tempos de espera" e neste episódio todos os candidatos deram um mau sinal aos portugueses.

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