O "Comunicações ou Não" é uma experiência a solo na blogosfera da área da comunicação. Como "tudo é comunicação", apesar de ser um local para reflexão sobre o mercado da comunicação, poderão existir incursões por outras áreas.

Thursday, June 17, 2010

Mundialmente

Nos dias que correm seria difícil não falar do Mundial de Futebol 2010. Não como "treinador de bancada", pois seria um embaraço para todos, sobretudo para mim, mas como comunicador (onde o embaraço pode ser um pouco menor...).

No domingo ouvi o "porta-voz não oficial de Carlos Queiroz", o comentador Rui Santos, dizer na SIC Notícias que não tinha quaisquer expectativas para a prestação da Selecção Nacional neste Mundial. E percebi o que vai na mente do selecionador nacional: Uma selecção não de jogadores mas de desculpas para o que ele próprio teme. De "não ter uma equipa recheada de valores mundiais", até ao estado do tempo, passando pela protecção que o Drogba utilizou, acho que tudo servirá de desculpa para o que vier aí.

Essa é a principal diferença "desta selecção" para as "selecções de Scolari". A assumpção apriori da prestação negativa. Por isso, dizia uma entrevistada na rua à SIC que Queiroz não tem o carisma de Scolari. Não, não tem. Mas mais que isso não tem nem o carisma nem a mínima capacidade de comunicar e galvanizar não só os jogadores como todo um país que via neste Mundial um balão de oxigénio para descansar temporariamente da tão estafada e persistente crise.

Neste campo Queiroz falhou a todos os níveis. Pelas polémicas que vão saindo (desde o "caso" Nani, até às declarações de Deco - honestas e verdadeiras mas que já vão ser desmentidas, ou esclarecidas), não soube comunicar internamente. E se não o soube fazer para "dentro", menos o conseguiu fazer para "fora". Não soube criar uma onda de mobilização nacional para a prestação da Selecção. Pior. Não soube aproveitar a onda que veio das prestações anteriores e a que foi criada pelos patrocinadores da Selecção.

E estes têm, na minha opinião, razões para estarem pouco satisfeitos com este gap de comunicação. Apostaram grande parte dos seus budgets anuais para estas acções, prevendo um retorno de imagem positivo. Agora, face à pouca mobilização criada pela própria Selecção, dependem exclusivamente dos resultados desportivos da mesma.

Sinceramente espero que os patrocinadores possam vir a ter o retorno que esperavam. Seria sinal que o primeiro jogo não passou de um "acidente de percurso". No entretanto, rebuscando o hino de um dos patrocinadores da Selecção, um conselho para Queiroz: "Menos ais, queremos muito mais"...

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