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Wednesday, August 08, 2012

Quando o Facebook faz com que as forças policiais se "esqueçam" dos direitos dos outros

Sou seguidor da página da PSP no Facebook. E por norma acho que a mesma até é bem gerida. Informação útil, enaltecimento da acção da força de segurança, etc.. 

Mas hoje vi uma coisa que me chocou: A propósito da acção meritória de um agente, a página da PSP publica uma foto de uma senhora na sala de espera de um hospital a conversar com o referido agente. A legenda da foto dizia, entre outras coisas,  "Polícia, no Hospital de São José em Lisboa, conforta uma senhora idosa que momentos antes havia tentado o suicídio". E a senhora, ao contrário do agente, é perfeitamente identificável. 

Considerando que a página da PSP é seguida por 28.878 pessoas, a exposição e a identificação que o(s) gestor(es) da página deram a uma senhora, já fragilizada, é, no mínimo, chocante.

Eu sei que as regras da salvaguarda da privacidade individual ficam esbatidas nas redes sociais. Mas não caberia a uma força policial zelar pela defesa da mesma? Ainda ontem o Rui Lourenço dizia no Facebook, a propósito de uma situação semelhante com a GNR, "não concordo muito com a exposição que estão a fazer da pessoa, o direito a uma dignidade seja em que situação for. Será que sabe que está a ser exposto no Facebook?"

PSP e GNR a promoverem a sua acção, de mérito inegável, expondo a fragilidade de dois cidadãos que, acredito, não se sabem expostos desta forma e com capacidade de defesa diminuída pela sua fragilidade. Será que as forças policiais portuguesas, na sua ânsia de boa imagem, esqueceram-se dos mais elementares padrões de salvaguarda da boa imagem dos outros? 

(Nota: Tinha colocado um link para a página da Polícia de Segurança Pública no Facebook neste post. Mas entendi removê-lo pois não quero que o post promova também a exposição de uma senhora que já vive uma situação frágil)