O "Comunicações ou Não" é uma experiência a solo na blogosfera da área da comunicação. Como "tudo é comunicação", apesar de ser um local para reflexão sobre o mercado da comunicação, poderão existir incursões por outras áreas.

Wednesday, December 30, 2009

A Flash Mo(b)da

Parece que esta acção (TAP/ANA) foi um sucesso (in Briefing). Muitas visualizações no YouTube e, aproveitando a silly season II - mais conhecida por "Natal", uma série de notícias nos meios.

Aqui (Lugares Mesmo Comuns) tentam convencer que esta outra (lançamento do detergente Surf) foi a primeira, esquecendo-se que a Renova tinha feito esta (Saldanha Residence) que, por sua vez foi uma cópia desta (Improv Everywhere). Mas ainda temos esta (Bondi Beach), esta (Tributo a Michael Jackson no Largo Camões) e ainda uma referência a uma suposta outra (Assembleia da República) em Setembro de 2003!

Internacionalmente temos o fenómeno Oprah e aquela da T-mobile que foi alvo de muita discussão, entre outras milhentas que podem ser encontradas no Google ou no YouTube.

Vendo todas, não posso deixar de concordar com o Buzzófias: «as flash mobs nacionais pecam (quase) sempre pela selecção musical, muito repetida, e pela falta de "actores", que anula o efeito de contágio».

Mas ia mais longe. Para além de "fraquinhas", são demasiadas. O efeito surpresa começa a ficar apenas pelos espectadores da própria acção. Sinceramente já não tenho paciência para "ver mais do mesmo", sempre com a mesma mecânica, sempre da mesma forma, sempre a apostar na propagação cibernética da acção.

Ok. Alguém um dia teve uma grande ideia: "E se, de repente, uma série de pessoas começasse a dançar num espaço público, como se fosse espontâneo?". Ok. As primeiras foram entusiasmantes pela novidade e, sobretudo, pela originalidade.

Mas estas repetições constantes oferecem o quê mais? Arriscaria a responder "nada"... Os grandes estrategas de comunicação e criativos esgotaram as idéias? Como não acredito nisso, tendo a acreditar mais nos factores moda e preguiça...

No meio disto tudo não posso deixar de discordar completamente desta opinião (Relações Públicas sem Croquete). As declarações de António Monteiro estão perfeitamente enquadradas no espírito de uma acção destas. Ia fazer o quê? Afirmar o óbvio? Não o fazer é falta de transparência e de verdade? Não me parece...

Agora, como diria o Diácono Remédios, "ide fazer acções novas, sem ser cópia atrás de cópia. Ide". Para podermos ter abordagens que sejam verdadeiramente originais.

(Este post tem, assumidamente, um excesso de links. É mais ou menos o mesmo que acho desta mania da Flash Mob(da) - Um excesso!)

Wednesday, December 23, 2009

It's Christmas Time

É Natal. Com os Votos de um muito Feliz Natal a todos os leitores do "Comunicações ou Não", aqui fica a concretização de uma excelente acção de comunicação à escala global (porque a globalização tem destas vantagens...).

Feliz Natal e um Excelente Ano Novo!

Contra o AVE

Pegando no exemplo inglês, o Alexandre foca bem o problema do AVE (Advertising Value Equivalent) no mercado português. O LPM já se tinha manifestado contra um assunto que a Filipa tinha mencionado.

Há muitos anos que sou contra esta medição dos resultados do trabalho de um consultor de comunicação. Tirando a comunicação "press release" de produto (aquela que ainda sai na secção "Produtos/Comunicados/o-que-quer-que-lhe-chamem) cujo valor sempre questionei, não acredito que o trabalho desenvolvido neste mercado possa ser avaliado por esse critério.

Porque o nosso campo de actuação não se resume à notoriedade, o vulgo OTS (Opportunity To See, ou OTR - Opportunity to Read). Falta considerar o factor Credibilidade ou, como está agora em voga, a Reputação. Cuja abrangência é, claramente, maior que aquilo que o AVE avalia.

Se assim é, porque é que algumas agências em Portugal continuam a utilizar este padrão de avaliação do seu trabalho?

As respostas são várias. Eu continuo a achar que, em primeiro lugar, se deve a insegurança das próprias no seu trabalho. "Se não consigo provar a utilidade do meu trabalho, então digo ao Cliente quanto é que as notícias valiam se fossem espaço publicitário e ele fica a perceber que paga menos do que esse valor".

Em segundo, acho que está considerado com a formação "marketeer" de alguns Clientes. Habituados a trabalhar única e exclusivamente com números, não entendem a dimensão que um trabalho bem desenvolvido por uma agência tem, a menos que esse trabalho venha demonstrado com o AVE.

Não vou ser hipócrita dizendo que nunca utilizei este padrão de avaliação. Normalmente por exigência do Cliente. Mas posso dizer que me oponho ao mesmo. Porque o considero redutor da nossa actividade.

Acho que está na altura de, seja no seio da APECOM, seja a nível ainda mais abrangente, este assunto ser verdadeiramente discutido. E que se adopte uma medida semelhante à inglesa. O mercado ficaria a ganhar.

Monday, December 21, 2009

Que rede...

Através do Facebook fiquei a conhecer um mapa mundial com o predomínio das redes sociais em cada país. E fiquei a saber que em Portugal a rede "dominante" (em número de utilizadores) é o Hi5. Que partilha este facto com a Roménia, o Perú, a Tailândia e a Mongólia.

Para quem queira desenvolver uma estratégia de "comunicação 2.0", estes dados poderão ser interessantes. E convém nunca esquecer os objectivos e públicos-alvo da mesma.

É que é fácil dizer "vamos fazer isto no facebook ou no twitter porque eu estou lá e há muita gente como eu" e, de acordo com estudos como este, passar completamente ao lado dos objectivos e do nosso público prioritário.

Será também necessário analisar a abordagem e mesmo a linguagem na rede em que se entende desenvolver a comunicação. Não é a mesma coisa falar para a maioria dos membros do Hi5 que falar com os utilizadores do Twitter e a maioria dos Facebookers.

E, sinceramente, já assisti a algumas dessas campanhas que estavam na rede errada e, sobretudo, com a abordagem errada. E tenho sérias dúvidas da eficácia das mesmas, por muitos "amigos", "fãs" e "seguidores" que tivessem conquistado numa primeira fase.

Friday, December 18, 2009

Fugas de informação

fugas de informação que são estratégicas. Deixar escapar um cenário "negro" no início de uma negociação abre espaço para quando se anunciar o resultado final a perspectiva seja, maioritariamente, positiva. É a negociação e estratégia de comunicação no seu estado quase "puro".

E, nestes casos, contar com a ajuda da agitação mediática, é uma excelente opção de comunicação.

Podcast

O podcast Guess What desta semana é com o Rui Oliveira Marques do Meios e Publicidade. Vale a pena ouvir a sua opinião sobre o mercado, sobretudo sobre as agências de comunicação e formas de actuação.

Em relação ao conselho dado sobre conhecer as dinâmicas de uma redacção, não deveria ser necessário aconselhar. Deveria ser uma obrigação básica para cada consultor de comunicação.

Para que se evite fazer o "famoso" follow up, especialmente em horas de fecho, como sei que é apanágio de algumas agências/consultores. E creio que o artigo referido é este. Tirem as vossas conclusões sobre a que "agência das mais chatas do mercado" o Rui se refere...

Thursday, December 17, 2009

Discussões e/ou pontos de vista

Foi com agrado que li o texto do Salvador. Porque é capaz de colocar de lado as "picardias" (como ele próprio refere) para salientar o papel que o LPM teve no programa em que a relação agências/jornalistas foi discutida. Eu também vi o programa na net e não podia estar mais de acordo com ele (mesmo, como sei que o Salvador também tem, tendo uma grande estima pelo Celso).

Acho que o Luís Paixão Martins esteve muito bem na clarificação do papel das empresas de comunicação têm ou podem ter. Por isso, ao contrário da elevação demonstrada pelo Salvador, achei pequenina esta referência. Não conheço a Sandra Silva mas, claramente, não esteve ao nível do LPM neste assunto.

Também, ao contrário do que o Rodrigo diz, não acredito que esta conversa tenha sido particularmente esclarecedora da diferença entre o que o público em geral entende por "relações públicas" daquilo que os profissionais deste mercado fazem. O esforço é meritório mas, parece-me, que ainda falta algum conteúdo.

Twitter & Facebook killed the Blogger Star?

Depois da referência aos agregadores constatei que, com raras e excelentes excepções, a blogosfera (não só a da comunicação mas sobretudo esta) está "estagnada". 

Será que o imediatismo e visibilidade de redes como o Twitter ou o Facebook está a afastar a reflexão mais aprofundada que marca os blogues deste sector?

Para a discussão das tendências da comunicação

Na sequência do post do Rodrigo no PiaR («pê e erre em “caixa alta” e as vogais em “caixa baixa”», é assim, não é Rodrigo?...) que remete para o contributo do Bruno ao desafio do João Duarte, fica aqui uma opinião da Carla Borges Ferreira no Meios e Publicidade.

"Agregar" a Comunicação

Depois do excelente agregador de blogs de comunicação da Lift, o Briefing implementou também o seu agregador que para além dos blogs do mercado da consultoria de comunicação, inclui outros blogs nacionais e internacionais ligados à comunicação, num sentido mais abrangente, uma ferramenta bem interessante.

Assim, só não entendo alguma falta de actualização do blog da APECOM. Não faria sentido que a Associação do sector tivesse uma ferramenta semelhante? Se um dos objectivos da mesma é discutir assuntos vários que marcam o mercado, não faria sentido que, através deste blog, os interessados pudessem ver o que se vai dizendo?

Podia ser que, desta forma, a blogosfera da comunicação se animasse um bocadinho mais. Deixo a sugestão.

Wednesday, December 16, 2009

Art & Copy

O Clube de Criativos de Portugal vai trazer este filme a Portugal no próximo dia 07 de Janeiro. Vai ser na Culturgest às 20h30 e é uma estreia Ibérica. Como assessor de imprensa do CCP já li a informação sobre o filme e posso dizer que vai valer a pena ir.

Até lá, aqui fica o trailer oficial:

Ser profissional

Tive um dia destes uma conversa com o Rui Oliveira Marques sobre vários assuntos. No meio da conversa surgiram as discussões, mais ou menos acaloradas que já tivémos a nível profissional. Mas, como o Rui dizia, apesar das mesmas, ou graças às mesmas, conseguimos manter o profissionalismo que se nos exigia.

Pensando no assunto, alguns dos jornalistas com quem me dou melhor, foram profissionais com quem, num certo momento, terei tido alguma desavença. Cada um defendia o seu ponto de vista mas nunca deixámos que isso toldasse o nosso juizo e, dessa forma, a relação profissional que se exige a ambos.

A defesa dos pontos de vista, se bem sustentadas, acrescida de um respeito mútuo pelo profissionalismo de cada interveniente, não destrói a relação fonte-jornalista. Antes pelo contrário. Torna-a mais forte.

Na eterna discussão jornalistas-fontes (leia-se, neste caso, agências/profissionais da comunicação) tende-se a esquecer este ponto: O profissionalismo de cada lado. E que, se cada lado o mantiver acima de tudo, independentemente de termos objectivos que podem ser diferentes, consegue-se cimentar relações que são alheias aos constragimentos do trabalho no dia-a-dia.

Obrigado ao Rui por me ter lembrado disso.

Blogosfera de comunicação em crescimento

Mais um blog da área da comunicação no nosso mercado. De seu nome "Comunicação 360º" e começa bem.

Ao contrário de alguns blogguers deste mercado que parece que têm medo de promover a "concorrência", eu acho que quanto mais se discutir e quanto mais funcionarmos em rede de "auto-promoção" melhor fica o mercado. É como dizia um autor de um dos blogs que mais alimentava a "nossa" blogosfera, é um daqueles movimentos que "puxa o mercado para cima".

Tenho pena dessas outras atitudes. Mas ficam para quem as pratica.

Friday, December 11, 2009

A comunicação com jornalistas

Estes estudos valem o que valem. Mas na sequência desta conversa, sobretudo ouvindo o que o Celso Filipe diz vale a pena ler com alguma atenção para evitar que o mercado seja visto de uma forma mais amadoristica.

Especial relevo para o que os jornalistas dizem dos comunicados que recebem. Um comunicado é uma ferramenta de comunicação com uma importância estratégica. Banalizar esta ferramenta é retirar essa importância.

Por essas e por outras é que, cada vez mais, acredito menos na eficácia do comunicado enviado, sobretudo se enviado sem critério e sem perceber a relevância (ou não) do que está lá escrito.

Mais considerações sobre o estudo aqui.

Internamente

Não sou especialista em comunicação interna. Sei propôr algo mais que o básico, mais pelo bom senso que outra coisa, mas como acho que os colaboradores são dos stakeholders mais importantes de uma empresa, não tenho a veleidade de, ao contrário de muitos neste mercado, me afirmar como especialista nesta área.

No entanto, o bom senso e a experiência dizem-me que há pequenos gestos e acções de comunicação que têm um impacto suficientemente grande para motivar e gerar mobilização geral. E não estou a falar de grandes festas (de Natal ou de Verão e afins). Estou a falar de pequenos gestos de preocupação pelo bem estar dos colaboradores, de uma conversa cirúrgica no momento certo, de uma pequena atenção (que não tem, nem precisa de ter fundo financeiro).

E isto é especialmente verdade em "nano-micro-pequenas e médias empresas". Mais verdade ainda em empresas ligadas ao sector da comunicação, onde o capital humano é a única valia que têm para oferecer aos seus Clientes.

Por isso, não consigo entender empresas que até têm Directores de Recursos Humanos, com direito a todos os privilégios de administrador mas que não entendem estes pequenos pormenores que fazem a diferença.

Um director de recursos humanos nestas empresas não pode ser apenas um burocrata que processa os salários. Não pode ser apenas "a voz do dono" que trata dos despedimentos quando eles são necessários.

Tem que ser alguém que esteja entre a administração e os colaboradores, que entenda as ansiedades destes últimos e que saiba responder da melhor forma para mobilizar o capital humano.

Para tal tem que deixar de pensar apenas no seu estauto e bem estar e passar a pensar nos tais pequenos pormenores que marcam a diferença. E tem que assumir a comunicação interna como uma ferramenta essencial para o cumprimento dos objectivos da empresa.

Porque, sobretudo nesta área, sem capital humano motivado e empenhado, a empresa não passa de uma "fábrica". E a capacidade de fazer a diferença no mercado não vem de "fábricas" pré-formatadas.

Agradecimentos

Não posso deixar de agradecer ao Rodrigo pela nota simpática que deixou no PiaR.

Da mesma forma as palavras do Rui foram um incentivo para este blog e não só.

Aos dois muito obrigado. Como leitor atento dos vossos blogues, os elogios vindos de quem eu considero dos melhores bloggers deste mercado fizeram a diferença. Fosse o mercado todo como vocês e muita coisa mudaria neste sector. Vou fazer o possível para não desiludir.

Thursday, December 10, 2009

Uma discussão interessante

Não vi em directo (falha minha) mas é uma discussão interessante. O tónico do consumidor de comunicação social que o LPM coloca é muito verdade e muitos jornalistas se esqueceram.


Em relação ao que o Celso diz sobre o famoso follow up do press release e o envio dos mesmos sem quelaquer interesse mediático, deixa-me apreensivo. Espero, cada vez mais, deixar de ouvir isto de jornalistas. Seria sinal que o mercado evoluiu. É pena que existam agências que continuem a fazer isto.

Toca a votar

O colectivo Buzzófias está num concurso da VW. Quando escrevo este texto o projecto deles está na frente. Por isso, toca votar. Não custa nada.

Aprendizagens

O meu ideal enquanto "agente" neste mercado é conseguir transmitir a quem trabalha comigo o que de melhor me ensinaram algumas das pessoas mais marcantes com quem me cruzei no meu percurso profissional.

Não posso esquecer-me do Miguel Almeida Fernandes que, na Unimagem, me ensinou como se faz assessoria de imprensa "pura e dura". Nada me dava mais gozo que poder vê-lo ao telefone a marcar parte da agenda noticiosa do dia seguinte. Uns minutos a assistir a estes telefonemas significaram mais que muitos anos de workshops e afins.

Com o João Villalobos, na NR, aprendi a força e importância do pensamento estratégico. Não descurando a parte operacional e tática, saber definir a estratégia de comunicação tornou-se, a partir daí, uma das minhas grandes prioridades. Também na NR não posso esquecer-me do que aprendi com o Luís Rosendo. Gestão de Comunicação de Crise passou a ser uma das minhas áreas de eleição neste mercado e a ele se deve grande parte dessa opção.

Já na Bairro Alto aprendi o que é Consultoria em Comunicação. Cláudia Nogueira, Teresa Salcedas, Marta Marreiros, Catarina Amorim, Assunção Castelo Branco e João Godinho marcaram para sempre a minha carreira, como companheiros do dia-a-dia nesta aprendizagem. Porque souberam reflectir nesse quotidiano as directrizes do Salvador e da Catarina, duas das pessoas com quem mais aprendi e que definiram o que sou e quero continuar a ser neste mercado.

Já na ipsis e na Central de Comunicação (hoje Brandia Central) a proximidade com outras áreas da comunicação afinaram o "sentido do global". A comunicação como um todo e a importância de cada ferramenta de comunicação, deixando de parte a lógica de quem é mais importante (todas as ferramentas são importantes e têm o seu papel determinante no processo global), passou a ser uma realidade presente. Aqui, pessoas como o Tiago Franco, o Rui Trigo, o Tomás Froes e o Pedro Vaz Marques assumem um papel de destaque.

E depois existem todos os Clientes com quem já trabalhei e com quem aprendi muito. Muito mesmo. Dos mais empáticos e cooperantes, aos mais difíceis.

Se conseguir continuar a transmitir a quem comigo trabalha o que aprendi com estas e com muitas outras pessoas, serei um profissional realizado.

The Times They Are A-Changin'

A propósito deste texto do Pedro Reis no PiaR, ocorreu-me esta música. De facto o Pedro tem toda a razão no que diz e, honestamente, espero que o tempo seja de mudança.

Wednesday, December 09, 2009

A difícil "arte" do speechwriting

Conheço um Presidente de uma empresa nacional que fazia discursos duros mas empolgantes. Normalmente de improviso, quando falava não deixava ninguém indiferente. As pessoas que o ouviam podiam ou não concordar. Mas não deixavam de o ouvir. As palavras, mais ou menos duras, mais ou menos motivantes deixavam marca. E raro era ouvir um discurso dele sem sentir a sua liderança, sem ficar motivado, sem querer provar que as mesmas tinham sido sentidas e que podia contar connosco para a sua/nossa luta.

Mas esse Presidente passou a ter os seus discursos escritos. Por outras pessoas. Pessoas que em vez de tentarem passar para o discurso aquilo que era a marca distintiva do Presidente e da sua forma de estar, moldaram-no ao que achavam que ele devia ser. E o Presidente seguiu essa linha. E de discursos com impacto, com palavras por vezes mal escolhidas mas que deixavam marca, o Presidente passou a ter discursos muito bonitos, cheios de palavras muito bem escolhidas, inteligentemente colocadas mas, verdadeiramente, vazias. O Presidente passou de discursos mal formatados mas cheios de conteúdo para discursos ocos. Com uma forma muito estruturada mas sem "recheio".

A forma substituiu o conteúdo. E agora vê-se a audiência a olhar para o lado, apaticamente interessada, sem ligar ao que é dito, sem ficar empolgada com o que é proferido. Os momentos de motivação deram lugar a exercícios de estudo comportamental, onde ninguém ouve porque quer mas porque fica bem ouvir.

O(s) speechwriter(s) domina bem a forma. Domina bem as palavras. Mas esqueceu-se da alma do discurso. Esqueceu-se da alma de quem discursa.

E essa é a base da "arte" de speechwriting. Conseguir redigir um discurso que assente como uma luva a quem o faz. Que consiga transmitir de forma mais estruturada o pensamento do orador. E para isso não se pode cometer o erro de escrever um discurso como se "acha que o orador deveria ser". O discurso tem que passar para palavras "o que o orador é".

É que mais do que uma sucessão de palavras bonitas e bem escolhidas um discurso é uma importante ferramenta de comunicação. E se o mesmo "passa ao lado" de quem ouve, então foi um momento crucial de comunicação verdadeiramente perdido.

Para o Conselho em Comunicação

O "Comunicações ou Não" é um blog pessoal que pretende discutir o conselho em comunicação.

E digo conselho em comunicação e não Relações Públicas. Porque, por muito louvável que seja a iniciativa defendida pelo RenatoRui e Rodrigo, concordo com o Salvador quando defende que o sector em que nos movemos se chame "Conselho em Comunicação" e não "Relações Públicas".

Pelo menos enquanto insistirem chamar isso aos porteiros "finos" das discotecas e aos animadores de hotéis. Não tenho nada contra estes profissionais mas acho que fazemos mais que gerir listas de contactos e promover actividades mais ou menos lúdicas.

A menos que esse tal "Dia das Relações Públicas" sirva para esclarecer esse assunto de uma vez por todas, proponho que se chame antes "Dia do Conselho em Comunicação".

Por isso, repito, este blog não será para discutir relações públicas. Será para discutir comunicação. Conselho em Comunicação.