O "Comunicações ou Não" é uma experiência a solo na blogosfera da área da comunicação. Como "tudo é comunicação", apesar de ser um local para reflexão sobre o mercado da comunicação, poderão existir incursões por outras áreas.

Monday, May 10, 2010

Yo no lo creo en brujas, pero que las hay, las hay!

É como as coincidências que, segundo o título do livro, parece que "não há". Mas às vezes deixam-nos a pensar.

A história é simples e, infelizmente, recorrente neste mercado:
- Uma empresa detentora de uma histórica marca nacional de sapatilhas pretendia relançar o seu modelo icónico. Pede uma proposta a uma agência de comunicação.
- A agência, não sabendo que estava num "concurso" (porque nesta fase não estava), pensa a marca, propõe públicos-alvo relevantes, faz uma proposta com estratégia abrangente e ideias de acções, bem como tudo o que ajudaria a marca a ganhar a notoriedade necessária.
- A empresa recebe a proposta e remete-se ao silêncio. Nem um "recebemos, obrigado, vamos analisar" é capaz de dizer.
- Meses depois, sem dizer nada à primeira agência, relança a marca com uma estratégia de comunicação que toca em muitos pontos a estratégia e mesmo as acções apresentadas pela primeira agência.
- Analisando a comunicação da marca, percebe-se que dificilmente não existirá uma agência a implementar a estratégia.
- Neste ponto não se sabe se a segunda agência também apresentou uma estratégia, se se limita a implementar a apresentada pela primeira agência.
- Conhecendo o mercado, provavelmente a segunda agência nunca soube que teria existido uma primeira.

Relembro aqui um texto anterior. Sim. A educação é importante. Quem pede propostas têm, se não a obrigação, pelo menos a decência de comunicar com quem as apresenta. Remeter-se ao silêncio para, posteriormente, implementar o que foi apresentado, sem quaisquer custos, é, no mínimo, imoral.

Se a questão era preço, não pode ser negociado com a agência? É preferível remeter-se ao silêncio e depois "copiar" (à falta de uma palavra mais suave que, confesso, não me ocorre nestas ocasiões) as ideias apresentadas?

"As acções ficam para quem as pratica", ouvi dizer muitas vezes. Mas enquanto essas acções não tiverem impacto directo na carteira, creio que pouca gente se preocupará com as mesmas. Da minha modesta parte haverá impacto na carteira: Nunca me passará pela cabeça adquirir um só exemplar das tais sapatilhas.

Pior que isto só uma empresa utilizar a proposta apresentada por uma agência como briefing de preço para um concurso com várias agências (tipo, "isto é o que queremos que seja feito, quanto levam para fazer?"), enganando-se e convidando quem fez a proposta original. É ridículo mas também já vi acontecer...

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