O Meios & Publicidade publicou hoje um balanço da década no sector em Portugal. Nesse balanço elegeu o Luís Paixão Martins como a personalidade mais marcante na área da consultoria de comunicação, denominando-o como "o influente". Como tinha dito aqui, eu e o Rui divergimos nesta "eleição".
Considero o LPM um dos melhores e mais astutos consultores de comunicação em Portugal. E o trabalho desenvolvido nestes últimos anos pela sua empresa é demonstração disso. As duas eleições referidas no artigo são um grande exemplo. Mas haverá outros. E, por vontade própria (com destaque para o "Lugares Comuns"), ou por via de terceiros (Miguel Sousa Tavares, José Pacheco Pereira, etc.), foi um dos responsáveis por colocar o tema consultoria de comunicação na opinião pública.
Mas, para além do seu trabalho (notório, repito) o LPM não acrescentou muito ao mercado nesta década. Ao contrário de tempos mais remotos, a sua contribuição para o crescimento e formação deste mercado foi, nestes anos, diminuta. Como dizia noutro dia a um amigo, parece que nesta década LPM se centrou mais na sua agência e na sua conta bancária, que no mercado. É mais que legitimo e quem sou eu para criticar. Provavelmente faria o mesmo. Só que, por esse motivo, não o classificaria como "personalidade da década".
À pergunta "então quem?" poderia responder com:
- António Cunha Vaz que logo no início da década também colocou o sector na opinião pública e que, do quase nada, consolidou uma das grandes agências do mercado na actualidade.
- José Manuel Costa que passou a década a consolidar o seu Grupo e que percebeu de forma dinâmica as novas tendências do mercado, afirmando (quer se concorde, quer não) a sustentabilidade e responsabilidades empresariais como um dos temas do sector.
- Salvador da Cunha que consolidou a Lift (ex-Bairro Alto) como uma das empresas de referência do sector, incluindo a bem aproveitada parceria com a Burson, e cuja presença na APECOM contribui para uma dinâmica que é necessária ao sector.
Também poderia considerar o "sangue novo" que surgiu e no qual deposito a maior confiança para o futuro do sector. Pessoas como o Miguel Moreira Rato, Jorge Azevedo e Renato Póvoas, Rui Calafate, pela sua coragem em correr riscos e em querer trazer para este mercado novas abordagens e metodologias, poderão não ser a "personalidade da década" mas são, seguramente, as "apostas da década".
Poderia nomear todos este nomes e mais alguns que acho que mereceriam esta distinção. No entanto não o faço. Porque, para mim, a(s) personalidade(s) da década é/são todos os colaboradores das empresas de consultoria de comunicação, mais ou menos anónimos, melhores ou piores profissionais que, diariamente, enfrentam o desconhecimento sobre a sua actividade, as polémicas em torno da mesma, os Clientes (mais ou menos compreensivos em relação ao trabalho desenvolvido), a discriminação, incluindo salarial, face a outras áreas da comunicação, o não conseguirem explicar à família o que fazem na vida e, mesmo assim, continuam a trabalhar afincadamente para afirmar este sector na economia e sociedade portuguesas.
Esta, já grande, massa trabalhadora, raramente reconhecida é verdadeiramente a "personalidade da década" para o sector.
Friday, January 08, 2010
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
1 comment:
Não posso passar por aqui sem deixar o meu comentário elogioso a este post do Telmo ao nomear para as personalidades da década os profissionais de consultoria em comunicação e RP. Não podia concordar mais com a atribuição e os argumentários, nao querendo com isto "retirá-lo" a quem alegadamente o recebeu por ser o mais influente. Acrescentaria apenas o pormaior de gostar de ver também na lista dos outros possíveis nomeados, o nome de uma mulher (dscp mas acho que tem sido muito por nossa culpa por nao nos pormos em bicos de pé) pois que esta massa trabalhadora é composta grosso modo por mulheres multifacetadas, criativas, imaginativas, dinamicas, organizadas e com capacidade de planeamento e estratégia tão necessárias nesta actividade. Como nestas área somos especialistas em encontrar soluções sugiro que nesta década comecemos a fazer a mudança para sermos o que queremos ser ou como queremos ser reconhecidos e percepcionados. Acredito que aqui as mulheres, uma vez que, mas não só por isso, somos a maioria nesta área, vamos contribuir para essa mudança de percepção e trabalhar para o prémio do sector em Portugal! A senhora que se segue...
Post a Comment