Há uns meses atrás (em Março) escrevi aqui que, na disputa pelo espaço anunciado para apenas uma grande superfície no concelho de Loulé, a Ikea estava muito melhor posicionada que o Grupo Auchan. Percebia-se isso não só pelos comentários de potenciais consumidores destas, como pela forma como o Presidente da autarquia se pronunciava sobre o assunto.
Agora leio que o Grupo Auchan acusa a autarquia de "«tratamento diferenciado e discriminatório» em relação ao IKEA", face às dificuldades que tem tido em obter respostas da Câmara Municipal face ao seu projecto. A pergunta a fazer é: Qual é a novidade?
Se eu, que estou totalmente fora do projecto, já adivinhava em Março que iria ser assim, é agora em Outubro que percebem que não irão conseguir esta localização? Independentemente da validade do projecto, depois da disputa para atrair a Ikea para o seu concelho (disputado com Faro), dificilmente Loulé iria preterir esta em relação ao Jumbo.
E bastará perceber o panorama de Loulé, com um Modelo, um Continente, um Lidl, Um Aldi, vários Pingo Doce e Ecomarché bem como o famoso Apolónia para perceber que no ramo alimentar o concelho está na via da saturação. Já uma Ikea é novidade e atrairá consumidores ao concelho. Tão simples como isso. (Aliás, deixo aqui uma sugestão: Falta a Quarteira, freguesia do concelho, supermercados de proximidade com capacidade para oferecer uma variedade de produtos e há espaços do antigo Alisuper disponíveis - Um Pão de Açúcar para esta cidade faria todo o sentido)
Tenho pena. Não porque não goste da Ikea. Mas porque, quem me conhece sabe quanto isto é verdade, sempre tive uma ligação especial com o meu ex-Cliente Auchan. Tenho pena porque, independentemente do projecto, vejo um Grupo que sempre acarinhei a perder força pública, dia após dia. Sei, pela conversa com jornalistas da área e pelo acompanhamento das notícias publicadas, que o Grupo já não é a referência que foi há poucos anos atrás.
Tenho pena em ver o património comunicacional, sobretudo no apoio a Portugal e aos portugueses, estar a desaparecer, sendo apropriado por Grupos que nunca tiveram este ponto como coluna vertebral da sua comunicação. Hoje, se alguém parar para dizer quem apoia a produção nacional e os portugueses dificilmente não dirá prontamente "Pingo Doce" (Jerónimo Martins), cuja CCO soube bem aproveitar a saída do Auchan deste património.
Não ponho em causa estratégias de comunicação. Não as conheço, como ainda menos coloco em causa decisões empresariais na mudança da linha de comunicação, incluindo mudança de empresa de consultoria de comunicação. São, como disse, decisões empresariais e temos que saber viver com as mesmas neste mercado. Mas quando, como para mim, se leva anos a acarinhar uma postura em que sempre se acreditou, tenho pena em ver este "desbaratar" de imagem. Isso tenho pena.
Como também tenho pena em perceber que situações como a agora vivida em Loulé, correm o risco de poder voltar a repetir-se. É o que dá quando deita fora uma boa estratégia de comunicação.
Wednesday, October 13, 2010
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